Há uma anedota
de Luís Fernando Veríssimo na qual um menino pergunta ao pai: “Como é o feminino de sexo?”. O genitor fornece várias respostas.
Primeiro, afirma que não existe o feminino de sexo,
dizendo que tal coisa é sempre masculina.
Ao perceber a
asneira dita, se corrige afirmando existirem dois sexos: masculino e feminino.
Então, o mancebo conclui que o feminino de sexo é “sexa”, confundindo o ato erótico com o vocábulo “sexo”.
Evidentemente, o pai o corrige,
anunciando que “sexo” é sempre masculino. O menino pergunta: “o sexo da mulher é masculino?”.
O pai
rebate negativamente, e insiste na explicação de que a palavra é masculina.
No que o filho replica: “Não. A ‘palavra’ é feminino. Se fosse masculina seria ‘o palavra’”.
Neste momento, o pai interrompe o pequeno, mandando-o ir brincar. O texto de
Veríssimo termina assim:
O garoto sai e entra a mãe. O pai comenta:
-- Temos que ficar de olho nesse guri...
-- Por que?
-- Ele só pensa em gramática.
Este diálogo nos lembra
de que o assunto sexo ainda deixa muitas famílias perdidas. Fato que se
intensificou com as consequências tardias da revolução sexual e com os atuais
movimentos de gênero, ambos responsáveis pela nova plêiade de definições e
comportamentos sexuais. Muitas famílias não acompanham as atualizações
vocabulares e conceituais inerentes à sexualidade contemporânea. E, o fazem por
falta de tempo, de paciência ou por puro distanciamento para com os mais novos.
O abismo entre
pais e filhos foi o habitat perfeito para a cristalização dos movimentos
denominados progressistas, com seu
grande primeiro efeito: a fixação pornô na cultura ocidental, ao espalhar peru e
xoxota por toda parte, publicitou hiperbolicamente a intimidade
humana, tornando-a pobre em significado e artificial como experiência. Ademais, a ênfase nas identidade de gênero produziu uma concepção auto-referente de sexualidade, isto é, o sujeito cria a partir de si mesmo qualquer identidade de gênero e a impõe como tão legítima quanto às identidades baseadas em aspectos biológicos. Estas identificações de gênero são exaltações imaginativas que reivindicam direitos, respeito e reconhecimento, embora sejam fruto de auto percepções abstratas. Em suma, se uma criança disser: "sou unicórnio e tenho que ser reconhecido assim". Ela é um unicórnio, e quem não a enxerga assim é preconceituoso.
Este estado de
coisas busca convencer adolescentes, com clara ausência de siso, a abandonarem
qualquer legado sexual e a construírem, do nada e para o nada, uma sexualidade
liberada. Eles esqueceram que o sexo biologicamente definido é parte da ordem necessária para a preservação da espécie humana e de sua civilização.
Não é de se
espantar que a pornô-sociedade-em-rede ejacule (na cara dos pais) um bando de
jovenzinhos preenchidos por uma soberba jacobina capaz de destruir a base da
própria civilização ocidental, dançando como aborígenes não binários sobre os escombros das tradições morais elementares,
sem ter nada com o qual substitui-las.
Este baile da empáfia e do ressentimento contra a posição tradicional dos pais é embalado pelas “ideologias secularistas que tentam ocupar o
lugar das verdades tradicionais sobre as normas internas da alma e as normas
externas da sociedade”, como afirma Alex Catharino em uma referência ao
genial pensador norte americano Russel Kirk.
Para Kirk,
tais ideologias promovem um danoso processo de “desagregação normativa” prejudicando o bom equilíbrio social entre
aquilo que deve permanecer e o que deve mudar. O título do livro de Kirk já
ilumina a questão: Inimigos das coisas
permanentes: observações entre as aberrações em literatura e política.
Quando jovens
são convencidos a serem inimigos da permanência
a tendência deles é não perguntar mais aos antigos – diferente da parábola de
Veríssimo. São filhos do Google e do centro acadêmico. Enquanto que os pais negligentes são cúmplices do Google, e não sabem onde fica o campus.
Os jovens, com
efeito, perguntam apenas entre si sobre o trans-sexo
dos anjos e sobre a “sexa” dos homens, debatendo abstrações e questões nonsense como se fossem dados da
realidade. Congratulam-se com as fantasias de uma nova era repleta de falsificações,
sem jamais entenderem o que afinal é a sexualidade humana.
Neste ínterim,
quando alguém apresenta-lhes as verdades antropológicas, biológicas,
linguísticas – por isso científicas -- do masculino e feminino e a beleza
complementar e natural entre macho e fêmea, eles bradam contra a opressão
binária e o sexismo dos velhos (ainda nem falamos sobre princípios morais).
Os infantes,
cheios de si, não pensam mais em biologia, moral ou gramática. Eles só pensam numa
suposta sociologia revolucionária
egocentrada. No fundo, não há muita teoria filosófica envolvida. Há a
antiga vontade de maximizar prazer para dar sentido e recheio a existência, e
inventar um desculpa para fazer o que vier a mente.
Portanto, com
a cultura em franca degradação, e com a bacanagem
típica do ambiente universitário (haja miçanga!), que mais parece o cenáculo
dionisíaco da desconstrução moral, os adolescentes empoderados desprezam as coisas que permanecem: a sacralidade do
corpo humano, as relações maritais entre sexos naturalmente complementares e a
ideia de compromisso como fenômeno dignificador das relações humanas.
Sem isso,
colhem caos. Sobre isso, não perguntam com humildade. Estão entulhados de
conclusões próprias. Ignorando não haver nada mais imbecil do que um moleque
excitado cheio de respostas e que, retardadamente, só pensa em sexa.
Lucky Club Casino Site
ResponderExcluirLucky Club Casino offers an attractive gambling site with attractive luckyclub.live gaming machines and table games. A huge selection of games from the most famous providers are Rating: 5 · 10 votes